Tenho percebido atualmente uma popularidade do tema de energia Yin Yang nos relacionamentos. Terapeutas falando sobre polaridades, alguns responsabilizando a mulher pelo fracasso do relacionamento, em função da falta da energia Yin.

Nós, do Tantra Yoga Lab, discordamos dessa ideia, até porque o próprio símbolo do Tao (Yin-Yang) traz, justamente, a ideia de movimento. Ou seja, essas duas energias precisam estar em equilíbrio dentro de cada um e fora. Esse reequilibrar acontece o tempo todo no dia a dia nos relacionamentos, a depender do outro.

Em psicologia analítica, quando falamos da necessidade de equilibrio entre a energia feminina e masculina e fazendo uma análise do coletivo, nós percebemos que precisamos resgatar essa energia feminina, essa alma feminina no coletivo, precisamos também esclarecer uma coisa que muita gente confunde. Essa energia, essa alma feminina, não é sinônimo de uma coisa que pertence exclusivamente as mulheres.

É claro, existe uma analogia direta com o universo feminino… as mulheres… porém, não é a mesma coisa. Porque a energia feminina, essa alma feminina, circula absolutamente tudo que existe.

O desequilíbrio

O desequilíbrio dessa força atinge muito também aos homens, aqueles que têm, de uma forma consciente, a atuação da energia masculina e eles possuem a energia feminina como energia complementar, que muitas vezes não é honrada.

Para explicar melhor, vamos falar sobre o conceito de Jung, ânima e ânimus. Tudo começa com a seguinte suposição: Para Jung tudo vem de um centro, aonde existe um equilíbrio máximo, onde a dualidade sequer faz sentido. A origem do equilíbrio total é a unidade, que está além da polaridade, da dualidade.

Mas, na nossa manifestação, na manifestação de ser-humano, principalmente na manifestação material de ser-humano, a gente encanrna no mundo da polaridade. Toda a nossa vivência, todo nosso contato com o universo tangível, sensível, é feito pela polaridade, por que pela polaridade nós percebemos algo que existe ainda dentro do ser humano que é: o desequilíbrio.

Mas o desequilíbrio, por si só, ele só pode existir se existem duas polaridades, se existir só uma coisa, não tem como ter o desequilíbrio. E nós, com um pouco de bom senso, podemos entender que o ser humano ainda vive em busca de equilíbrio.

Polaridades Primordiais

Essas polaridades são polaridades primordiais que fazem com que tudo aconteça. Tudo a nossa volta é polar, começando pelas reações atômicas, eletromagnéticas, tudo vai partir de um polo que é doador e vai se movimentar em direção a um polo que é receptor. Dentro desse movimento básico da natureza tudo se forma e se forma também o movimento.

Então o movimento, que é a grande essência do viver do ser humano (a gente já nasce num movimento contínuo), é feito pela busca de equilíbrio.

Então a gente pode entender: se a gente surge, se a gente vive, se desenrola esse drama, a nossa vida, dentro dessa realidade na qual existe um movimento contínuo e nós estamos numa eterna busca de equilíbrio, não significa que nós encontramos ou o quanto nós vamos encontrar, mas sim, nós estamos em busca de sempre fazer com que essas duas unidades primordiais possam entrar em equilíbrio.

E elas são primordiais por que?

Porque se um, além da dualidade, ele se emana e se coloca para nós dessa forma. Então a gente vai ter as cargas magnéticas, as polaridades doadoras e receptoras, conhecidas como positiva e negativa. Encontraremos dia e noite, sol e lua (representandoa energia masculino e feminino), alto e baixo, claro e escuro, doce e amargo… e assim por diante.

A forma que essas polaridades contrárias forem complementares vão nos possibilitar a experiência da vida. Só conseguimos entender o oposto a partir da nossa polaridade, se não, não entedemos. Uma vez que entendemos A e B, procuramos fazer um equilíbrio dentro daquilo que compreendemos desequilibrado.

Biologicamente

Um ser humano, usando o paralelo biológico para facilitar o entendimento, vai surgir da porção biológica de 50% feminina e 50% masculina e vão gerar um. Masculino e feminino são dois polos primordiais complementares na natureza e que quando eles se unem em harmonia, temos a geração de alguma coisa.

É preciso que haja harmonia. Não dá para dizer que um é mais importante que o outro. O Jung foi um dos pensadores dentro da psicologia da atualidade, a dizer que a porção feminina, não só existe como têm a mesma importância que a porção masculina na psique.

Independente de nos apresentarmos como homem ou como mulher, a porção complementar oposta não some, ela continua a existir, sendo um componente biológico, porém, não manifesto. No paralelo psicológico ocorre a mesma coisa. Mesmo que no meu comportamento, agora, essa energia masculina não esteja se manifestando, não significa que ela não exista. Ela continua atuando como uma função complementar para que eu seja uma unidade.
Qualquer pessoa que não tenha essa energia ou seu complemento de energia feminina ou masculina, vai ser um ser-humano doente, desequilibrado.
No caso dos homens (pessoas que se colocam na consciência como homens), vão ter na sua psique complementar a ânima, que é a energia feminina, essa energia receptora.
Embora Jung tenha trazido de uma forma onde as duas funções são extremamente importantes de forma igual, inclusive em seus estudos de alquimia, só se chega no “ouro” quando essas duas funções estão em equilíbrio. Quando elas estão em desequilíbrio, quando uma dessas energias não está sendo honrada, não está sendo vista, há uma explosão, há alguma coisa que sai errada.

A falta de honra ao feminino

A energia masculina ficou sendo vista como uma coisa maior e foi aí que se deu o desequilíbrio, a porção feminina ficou diminuída. Essa diminuíção não atingiu só as mulheres, mas a alma do humano como um todo. Essa ânima enfraquecida faz com que o homem tenha uma existência enfraquecida e empobrecida principalmente na sua capacidade de se relacionar.
Por exemplo, na sua capacidade de se conectar, um homem que não tenha uma boa relação com seu lado receptor, acolhedor, intuitivo… se torna uma pessoa bruta, com pouquíssima capacidade de lidar com o outro, que gera desentendimento, agressividade, incompreensão e desequilíbrio.
No momento em que se vê essa porção feminina como alguma coisa negativa, muitas pessoas começam a confundir isso como uma escolha de sexualidade e tentam afirmar sua escolha sexual, logo, qualquer coisa que tenha a ver com o feminino será rejeitada. Quando acontece isso, se rejeita dentro de si essa energia feminina e se rejeita também as mulheres. Se briga com a feminino interno, obviamente se briga e se rejeita o feminino externo porque ambos vão ser vistos como coisas menores e ameaçadoras.
Da mesma forma, muitas mulheres também valorizam mais a energia masculina do que a feminina, como dissemos, é um desequilíbrio que está perpassando a humanidade como um todo. Assim, também temos um enfraquecimento da conexão com o feminino.

A saúde do relacionamento

Portanto, a forma como lidamos com essas energias dentro de nós revela a saúde do nosso relacionamento com nós mesmo e com as nossas relações exteriores também. Porque a forma como eu lido com essas duas energias dentro de mim influencia diretamente como eu lido com essas energias e com as pessoas que emanam essas energias no mundo exterior carecendo de equilíbrio.
Quando não se tem uma boa porção honrada da energia feminina no universo nós viramos máquinas, nós ficamos excessivamente lógicos, pouco receptivos…insensíveis até aos nossos próprios ciclos. A função do sentir fica completamente prejudicada e o ser-humano fica completamente perdido. Nos sentimos pela metade e muitas vezes o que falta é entender que essa energia que é complementar do dar e do receber, tem que estar em harmonia, para que eu consiga me centrar e entender o que estou fazendo aqui.
É uma necessidade resgatar a energia do feminino para toda a humanidade. Não estamos falando de privilegiar um ou outro, estamos falando de reequilibrar dentro de cada ser-humano essas duas energias primordiais.

Solução

Nosso curso de Sexualidade e Massagem Tântrica têm uma abordagem prática, com exercícios que colocam tanto o homem quanto a mulher para exercerem o dar e o receber, reequilibrando assim essas duas energias dentro de nós e no relacionamento.
Ninguém é só uma coisa ou outra. nós escolhemos manifestar uma coisa ou outra. Mas tudo tem o seu momento e o casal precisa se ajudar, acolhendo suas fragilidades e também honrando suas polaridades.
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